25 de abril de 2008

Erva-mate feita em casa


Ela tem espaço garantido no rancho de qualquer família gaúcha. Através de diversas variedades, a erva-mate é que garante o bom chimarrão de todo dia. O aposentado João Teles Gonçalves, de Linha Canjerana, em Salvador do Sul, também tem suas preferências quanto ao produto. Seja mais fino ou encorpado, ele não precisa escolher através dos rótulos nos supermercados. A erva do seu chimarrão ele mesmo produz.

A herança é de família. Desde pequeno, seu Teles, como é conhecido, trabalhava com erva junto do pai. “Me criei neste meio. Mas me mudei para Santa Catarina, onde o clima não é bom para o cultivo, e acabei deixando a erva de lado.” Vinte anos depois, o aposentado voltou ao Rio Grande do Sul, retomando o aprendizado que herdara.

Teles iniciou cultivando e vendendo mudas. Contudo, os compradores pagavam um preço muito baixo. A alternativa foi começar a produzir a erva, atividade para qual era preciso um soque. “A minha mulher e os meus filhos deram risada quando eu disse que iria construir um. Trabalhava dia e noite. Fiquei muito feliz no primeiro dia em que ele funcionou.”

O próximo passo foi fazer um secador, objetivo alcançado com o auxílio da Emater/RS – Ascar e da Administração Municipal. Há seis anos, Teles e a esposa produzem, mensalmente, cerca de 60 quilos de erva-mate, vendidos para amigos e vizinhos e para uso da família. “Somos aposentados e a erva não é base da nossa renda. Trabalho nisso por lazer, porque gosto.” Atualmente, ele é o único produtor de erva-mate do município.

O segredo de uma boa erva
Para produzir uma erva-mate de qualidade, é preciso seguir alguns passos importantes. A primeira etapa é plantar as mudas e cultivá-las por três anos. A partir deste período, pode ser feita uma colheita por ano. O corte não pode ser muito drástico, deixando cerca de 20% do pé, para que ele não seja prejudicado. “Tem que ser em lua minguante, para a erva não ficar muito forte”, ressalta Teles.

Com lenha fina, o aposentado faz fogo com labaredas altas e passa os galhos de erva para que percam a umidade e o produto não fique tão amargo. “Não pode deixar pegar fogo, é só dar uma chamuscada.” O próximo passo é colocar as folhas na câmara de secagem, onde ficam cerca de três dias. No final deste processo, o cheiro da erva já se torna familiar.

Em uma cancha, as folhas são batidas para que diminuam de tamanho antes de serem levadas ao soque, última etapa do processo. Dependendo da umidade, a erva fica entre 30 minutos e uma hora sendo moída. Quando está bem esmigalhado, o produto vai para um depósito, preferencialmente de madeira, em local escuro, para não perder a cor. Depois é só tomar o chimarrão.


18 de abril de 2008

Montenegro


Esta é a minha cidade, Montenegro, a "Cidade das Artes". Apesar dos problemas que são inevitáveis em qualquer lugar do mundo, Montenegro é um exemplo de município que está se desenvolvendo sem perder o ar e o jeito de cidade pequena, onde todos se conhecem e vivem em comunidade.

Acredito que a origem é algo importante, seja em relação a pessoas, lugares ou objetos. Com este vídeio, quero mostrar a origem dos municípios
que retrato no blog através das histórias e dos personagens. Montengro é a cidade-mãe desses locais (BRochier, Maratá, Salvador do Sul e São josé do Sul) que servem como pano de fundo de cada postagem.

A montagem acima foi feita pelo peão farroupilha da 15ª Região Tradicionalista de 2007, Leonardo Mousquer, com fotos disponpiveis no site da Prefeitura Municipal de Montenegro (www.montenegro.rs.gov.br)
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14 de abril de 2008

Vivendo para o trabalho


Para ele, não há diferença entre domingo e segunda-feira. A rotina é sempre a mesma: acordar cedo e trabalhar. Isso não é uma obrigação. Nos olhos e no sorriso do agricultor Celso Emílio Muller, de 46 anos, logo se vê a paixão pela lavoura.

O marataense, morador de Boa Esperança, trabalha com criação de peixes, lima, manga e cana-de-açúcar, entre outras culturas. Ele é solteiro e reside com os pais. Seu objetivo para o futuro é terminar a casa que começou a construir junto às terras que cultiva. As estradas de acesso às plantações foram construídas por ele.

Celso mora e trabalha em uma região privilegiada. No último inverno, o caminho mostrava os resultados da geada, com os campos queimados, principalmente as plantações de cana. No alto do município, onde ficam as terras do agricultor, nem parecia que tinha feito frio, pis as canas continuavam verdes e prontas para a colheita.

Além da boa localização, Celso garante que a forma de manejo da terra é um fator importante para a qualidade daquilo que produz. “Eu não uso nada, nem esterco ou calcário.”

Fora do comum

Outra curiosidade da lavoura de Celso é o cultivo de frutas e folhagens pouco comuns, como a lima e a cica. Mais de 2.000 de pés de lima estão carregados de frutos de extrema qualidade, segundo o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Maratá, Ênio Becker. “Existe pouca produção na região.”

Vendidas por preços altos em floriculturas, as cicas são muitos procuradas para projetos de paisagismo. Celso não vende as que ele cultiva de jeito nenhum. Para atingir um metro de altura, as folhagens levam 33 anos. Hoje, o agricultor tem 650 pés e só pensa em comercializá-los assim que tiver mais mudas prontas. “Demora muito para crescer. Se vendo tudo agora, não tenho depois.”