23 de maio de 2008

Teatro amador sobrevive



Eda Schaedler ainda era criança quando dois dos seis irmãos começaram a organizar um grupo de teatro na localidade de Linha Pinheiro Machado, no interior de Brochier. Ela até chegou a atuar em algumas peças, principalmente as mais sérias, pois diz ser tímida para fazer humor. Hoje, com 69 anos, a professora aposentada ajuda a manter a arte do teatro amador na área rural do município.

“Meu irmão escrevia e minha irmã era artista. Eu já não gostava de representar, mas de ajudar, coordenar”, explica Eda, que passava a limpo as peças criadas pelo irmão. Atualmente, ela leva sugestões de textos, procura figurino e ensaia o grupo, que conta com cerca de dez integrantes.

Apresentações marcam datas comemorativas
O grupo tem mais de 50 anos, mas ainda recebeu um nome. Por isso, acaba por divulgar a própria localidade nos lugares em que se apresenta. Os espetáculos geralmente ocorrem nas festas do município, das comunidades e da Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas (Oase), além de participarem da Kulturtreffen e de eventos organizados para datas comemorativas, como o Natal e o Dia do Colono.

Os ensaios ocorrem, primeiro, na casa de um dos membros do grupo. Quando chega na reta final e é necessário um palco para marcar as posições, os preparativos são realizados na chamada “Casa da Oase”, em Pinheiro Machado. A média é de um ensaio por semana. Contudo, a rotina aumenta para até três encontros semanais quando se está às vésperas de uma apresentação.

A maioria dos participantes tem idade entre 40 e 50 anos. “Temos alguns jovens, mas, atualmente, ninguém mais quer assumir compromisso”, lamenta a aposentada que, assim como os demais integrantes, tem o teatro como um lazer e uma forma de diversão.

História é contada através da arte
A maioria das peças encenadas pelo grupo de teatro de Linha Pinheiro Machado é de gênero humorístico. Segundo Eda Schaedler, é um humor antigo. “Os textos são sobre a chegada dos primeiros automóveis e de novas tecnologias”, revela a professora aposentada. Apresentadas em alemão, os teatros tratam também das expressões erradas em português e na língua germânica. Através dos temas e da forma de encenação, o grupo acaba ensinando muito da história do município para quem não viveu aquele tempo.Atualmente, existem outros grupos de teatro amador em Brochier, um em Novo Paris e outro em Nova Holanda, segundo Eda. Ela considera pouco, pois esta prática era bastante comum há anos atrás. “É uma pena que as pessoas não queiram mais este tipo de compromisso.”

16 de maio de 2008

Super atual


Quando Samuel Guilherme Pittelkow nasceu, a banda Os Atuais já estava há 14 anos no mercado musical. Hoje, aos 26 anos, o agente administrativo marataense coleciona todos os álbuns produzidos pelo grupo, entre vinis e CDs. Samuel conta que começou a ouvir Os Atuais devido a cultura da região em relação ao estilo musical, no qual a banda se enquadra.

A primeira vez que assistiu a um show dos artistas foi em 2000. “Mas ainda não era fã, comecei a colecionar há quatro anos.” Desde então, foram cerca de R$ 500,00 gastos com discos e CDs. O mais caro custou R$ 80,00. “É um LP muito raro”, destaca.

Para adquirir todas as obras mais antigas do grupo, o marataense procurou em diversas lojas de cidades como Montenegro, Canoas, São Leopoldo e Porto Alegre. “Muitos sabem que eu gosto e me oferecem.” No total, Samuel tem 40 álbuns da banda, entre vinil e CD, contando coletâneas.

Depois de gostar da música, o agente administrativo passou a se interessar pela história de Os Atuais. “Antigamente as canções eram somente tocadas. Eles foram alguns dos primeiros que começaram a cantar este tipo de música e acrescentaram novos instrumentos, como os sopros.”

Nos últimos anos, Samuel já foi a diversos shows e bailes da banda. Inclusive, conversou com todos os integrantes do grupo. Graduando em Geografia, o estudante espera concluir a faculdade em, no máximo, dois anos. Para animar sua festa de formatura, Samuel sonha em poder contratar Os Atuais.

Todo cuidado é pouco
O marataense tem dois aparelhos toca-discos e conta que ouve os vinis quase que diariamente, mais do que os CDs. Todos os LPS são guardados com muito cuidado, sendo que apenas Samuel os manuseia. Ele também não empresta seus discos, apenas se tiver uma cópia idêntica. “Tem pessoas que não cuidam”, justifica.

O estilo bandinha é o preferido de Samuel, que possui também diversos álbuns dos grupos Hello e Corpo e Alma. Ele também acompanha bandas mais recentes, como JM e Brilha Som. No total, são 250 discos de vinil, além de dezenas de CDs. O gosto pela música nunca passou de lazer. “Fiz aulas, tenho um violão e uma guitarra, mas não consegui conciliar com o estudo e o trabalho.”

2 de maio de 2008

O amor pelas plantas


É herança de família. O gosto pelas plantas veio da avó paterna e da mãe de Cleonísia Bohn Musskopf, passado para ela e para as duas irmãs. Com o tempo e com a prática, a professora aposentada aprendeu a cuidar daquelas que hoje são suas companheiras. Em casa, na cidade de São José do Sul, ela cultiva mais de 400 vasos com as mais variadas espécies de plantas. Só de cáctus, são cerca de 30 tipos diferentes.

As folhagens chamam a atenção de quem passa em frente à casa de Cleonísia, seja pela quantidade ou pela preservação. Todas recebem o carinho e a atenção da aposentada diariamente. “De manhã, olho para todas elas e as cumprimento. Sempre converso com elas. Tem gente que acha que eu sou louca”, brinca.

Pelo prazer de cultivar
A professora sempre cultivou plantas nas cidades onde morou, como em São Pedro da Serra e em Brochier. A “coleção” aumentou há quatro anos, quando ela se mudou para São José do Sul. Cleonísia compra algumas espécies e depois replanta. Ela enfatiza que não tem o objetivo de obter renda com a produção, assim como sua mãe e sua avó também não tinham. “É um passatempo, faço por prazer.”

Todos os dias, pelo menos por alguns instantes, a são-josense se dedica às plantas, cuidando, repondo terra e adubo e tirando as folhas secas. Por alguns momentos, ela também olha e aprecia cada uma. As folhagens são as companheiras da aposentada que, hoje com 74 anos, não têm filhos. Cleonísia afirma que não tem nenhuma espécie da qual gosta mais. “Se preferir uma, a outra fica triste.”

Atividade requer dedicação e carinho
No inverno, assim como o ser humano sente a queda da temperatura, as plantas sofrem com o frio. Para evitar que as folhagens sejam prejudicadas, Cleonísia as guarda em um galpão, nos fundos de casa. Apesar do trabalho de deslocar os mais de 400 vasos, a aposentada não se intimida e faz tudo sozinha.

Ela conta que muitos, sabendo do seu gosto, lhe dão vasos para cultivar as plantas. Em algumas festas municipais, são as plantas de Cleonísia que enfeitam as mesas. É um estímulo para continuar seu trabalho, que deverá continuar solitário, pois a professora não gosta que outros mexam nas suas plantas. “Eu gosto de cuidar. Dizem que, se outras pessoas mexem, elas morrem.”