6 de junho de 2008

Churrasco sem fumaça


Há quatro anos, o comissário de bordo aposentado Gilberto Kettermann está trabalhando na fabricação de um carvão diferente. O produto é feito da moinha, o pó que sobra na peneira antes de o carvão ser ensacado. Este material não tinha uma destinação específica e, por isso, acabava se tornando um problema para muitos produtores.

Gaúcho de Roca Sales, Gilberto morou no Rio de Janeiro enquanto trabalhou como comissário. Depois, estabeleceu residência nos Estados Unidos, onde tinha uma empresa de churrasqueiras. A pedido dos clientes, o aposentado foi a Brochier comprar carvão, pois sabia da grande produção do município através de um tio, que mora na cidade.

“Quando cheguei aqui, vi aquela sobra de moinha. Eu queria comprar, mas os carvoeiros queriam até me dar”, recorda. Sabendo da grande oferta dessa matéria-prima, Gilberto começou a trabalhar na fabricação do novo carvão a partir deste material, seguindo o modelo utilizado nos Estados Unidos. Para isso, foi morar em Vila Nova, no interior de Brochier, mantendo também residência no Rio de Janeiro, para onde vai a cada dois meses, aproximadamente.

Mas a base da produção não é o único diferencial da mercadoria. O carvão não gera fumaça na fabricação nem durante o consumo. Até chegar no produto ideal, Gilberto criou 14 máquinas, pois não há equipamento para este tipo de produção no país, apenas nos Estados Unidos. Contudo, elas são caras o custo para trazê-las ao Brasil seria muito alto. Outro motivo é que o maquinário de lá é feito para carvão produzido com capim e não de acácia negra ou eucalipto, como ocorre aqui. O aposentado então se dedicou à invenção, com peças encontradas em ferros-velhos.

Outra inovação é a embalagem. Foram confeccionadas seis até que se chegasse no resultado esperado. A alça tem locais para colocar o dedos e um pavio. Basta ligá-lo e está pronto. Dentro do pacote tem um acendedor, acionado através do pavio. Depois de aceso, ele consome a parte superior da embalagem, depois a base, fazendo com que o papel se rasgue e o carvão se espalhe pela churrasqueira. O cliente não precisa encostar no produto, permitindo fazer o fogo sem sujar as mãos. O aposentado patenteou a invenção.

O carvão do futuro

Cerca de R$ 300.000,00 já foram investidos na construção de um local para fabricação, testes, motores, equipamento e matéria-prima. Tudo o que sabe, Gilberto aprendeu fazendo. “Sou autoditata”, resume, afirmando que quer ficar apenas na produção, junto com a mãe, Selmira Kettermann, que sempre o apóia.

Pessoas de diversos países, como Áustria, Bélgica, Estados Unidos e Alemanha já foram conhecer a mercadoria, que está pronta para ser lançada no mercado. Para o empreendedor, este é o momento mais difícil desde o início do projeto. “Teremos um grande paradigma para transpor: ensinar o gaúcho a fazer churrasco sem fumaça.” Gilberto acredita que, daqui a 15 anos, este será o tipo de carvão mais utilizado. “Vai ser o carvão do futuro.”

Entenda a produção

* Gilberto compra a moinha e, em uma máquina, mistura com aglutinadores naturais, para que o material tenha liga;

* Deste equipamento, o produto passa para outro, onde é formatado como pequenos tijolos. Devido à condensação feita, o carvão fica com o poder calórico duplicado;

* O produto segue em pequenos carrinhos para um forno, com sistemas de ventilação, onde fica de 48 a 72 horas secando, em temperatura entre 50 e 60°C;

* Depois de seco, é embalado;

* Cada “tijolo” tem cerca de 40 gramas;

* Por ser feito da moinha, e não diretamente das árvores, o produto será sempre igual e tem de 5 a 8% de gás.

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá, como posso comprar o se produto?

Amanda Fetzner disse...

Olá Anônimo
Não tenho mais o telefone do Gilberto, mas se ligares para a prefeitura de Brochier, provavelmente eles poderão te ajudar. O telelfone lá é (51) 3697-1212. Abraço

Anônimo disse...

Oi, Amanda Fetzner! Gostaria de trocar umas idéias com vc... se estiveres disposta, meu msn é "leokunglaw2@hotmail.com"