16 de julho de 2008

Em nome da fé



Em fevereiro de 2008, com 17 anos e recém-formada no Ensino Médio, Daiane Aline Ertel tinha muitas dúvidas quanto ao seu futuro. Não era, porém, dúvidas comuns aos jovens da sua idade. Ela estava dividida entre a vida leiga e a religiosa. A decisão ocorreu ainda no mesmo mês, quando ela se mudou para Canoas e se juntou às irmãs da Divina Providência. Como se deve imaginar, a escolha não foi fácil.

Para ela, que trabalhava na Paróquia Três Santos Mártires das Missões, de Salvador do Sul e coordenava o Curso de Liderança Juvenil (CLJ) da cidade, o mais difícil foi optar por deixar a família, os amigos e o movimento de jovens católicos. “A gente tem de abrir mão de muita coisa, este é um desafio a superar.”

Daiane conta que sempre pensou em ser irmã e que as pessoas mais próximas sabiam deste desejo. “Mas quase ninguém acreditava realmente que eu fosse para o convento.” A jovem revela que apenas uma pessoa disse para ela não ir, mas os demais deram apoio para que ela tivesse esta experiência.

O chamado de Deus
Para os católicos, a vocação é um chamado de Deus. O mais difícil, na maioria dos casos, é entender este chamado e saber respondê-lo com sabedoria. Para fazer a escolha certa, é preciso pensar muito, evitando tomar uma decisão precipitada. Foi o que Daiane fez.

Quando pequena, a salvadorense atuava como coroinha. O início da caminhada na Igreja foi seguida pelos irmãos menores e Daiane começou a acompanhá-los. Nesta convivência com o meio cristão, ela conheceu irmãs da congregação Imaculado Coração de Maria, que a convidaram para conhecer o convento.

“Fui a diversos encontros e lá tive um discernimento de que era isso que eu queria, pois fui conhecendo o carisma da congregação e os projetos desenvolvidos pelas irmãs.” Daiane revela que, nos retiros promovidos nos conventos, são realizadas dinâmicas que ajudam os jovens a conhecerem a instituição e a si mesmos. “Quando voltava dos encontros, dizia que era isso que eu queria, mas passava um tempo em casa de novo e já ficava em dúvida”, conta Daiane, enfatizando que isso é natural.

Como ocorre em um casamento, a vida religiosa exige que a pessoa que se esteja aberta às coisas novas e que ela não tenha preconceito, mas coragem de assumir esta vontade. Apesar de ter decidido ir para um convento, a jovem revela que ainda não sabe se será irmã. “Estar indo para lá não quer dizer que serei religiosa, depende de como vai estar no meu coração e de como vou me sentir. Esta dúvida vai permanecer por um bom tempo.”

Uma pessoa normal
A salvadorense surpreendeu o rapaz com o qual se relacionava. “Eu já tinha comentado com ele sobre o assunto. Quando as irmãs me fizeram o convite para ir morar com elas, me deram uns 10 dias para pensar. Terminei com este menino logo no início deste período, para que eu pudesse refletir bem. Só depois ele soube que eu iria para o convento”, conta, observando que a relação não era namoro.

Daiane destaca que sempre foi uma jovem normal, como qualquer outra. “Sempre gostei muito de dançar e de ir a festas. Só não ia muito porque a minha família é bastante rígida.” Ela diz que, como qualquer outra jovem, se interessa por meninos e que escolher a vida religiosa não é algo extraordinário. “Muitas pessoas têm vergonha de assumir que já pensaram nisso.”

Além da coragem de reconhecer este desejo, também é necessário ter força para voltar atrás. “Ninguém precisa ser padre ou irmã se não quiser. Tem que ter coragem de voltar e dizer que aquela vida não é para mim.”

Os planos de futuro
A Divina Providência incentiva as irmãs a terem uma profissão que possa ser utilizada em prol dos trabalhos do grupo. A congregação cuida de hospitais, por isso, há freiras médicas e enfermeiras. “Elas são bastante envolvidas com a comunidade e realizam muitos projetos com crianças carente”, exemplifica Daiane, que pretende estudar Teologia e Música, para dar aulas.



A jovem conta que a congregação permite que ela visite a família e também receba parentes e amigos no convento. Ela revela, porém, que a entidade possui muitas atividades, que provavelmente tomarão seu tempo. Para matar a saudade, Daiane usará de meios tecnológicos, como MSN, Orkut, e-mails e celular, que são liberados no convento. A expectativa é a melhor possível. “Acho que tem tudo a ver comigo e acredito que vai me trazer felicidade.”

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