Ela tem espaço garantido no rancho de qualquer família gaúcha. Através de diversas variedades, a erva-mate é que garante o bom chimarrão de todo dia. O aposentado João Teles Gonçalves, de Linha Canjerana, em Salvador do Sul, também tem suas preferências quanto ao produto. Seja mais fino ou encorpado, ele não precisa escolher através dos rótulos nos supermercados. A erva do seu chimarrão ele mesmo produz.
A herança é de família. Desde pequeno, seu Teles, como é conhecido, trabalhava com erva junto do pai. “Me criei neste meio. Mas me mudei para Santa Catarina, onde o clima não é bom para o cultivo, e acabei deixando a erva de lado.” Vinte anos depois, o aposentado voltou ao Rio Grande do Sul, retomando o aprendizado que herdara.
Teles iniciou cultivando e vendendo mudas. Contudo, os compradores pagavam um preço muito baixo. A alternativa foi começar a produzir a erva, atividade para qual era preciso um soque. “A minha mulher e os meus filhos deram risada quando eu disse que iria construir um. Trabalhava dia e noite. Fiquei muito feliz no primeiro dia em que ele funcionou.”
O próximo passo foi fazer um secador, objetivo alcançado com o auxílio da Emater/RS – Ascar e da Administração Municipal. Há seis anos, Teles e a esposa produzem, mensalmente, cerca de 60 quilos de erva-mate, vendidos para amigos e vizinhos e para uso da família. “Somos aposentados e a erva não é base da nossa renda. Trabalho nisso por lazer, porque gosto.” Atualmente, ele é o único produtor de erva-mate do município.
O segredo de uma boa erva
Para produzir uma erva-mate de qualidade, é preciso seguir alguns passos importantes. A primeira etapa é plantar as mudas e cultivá-las por três anos. A partir deste período, pode ser feita uma colheita por ano. O corte não pode ser muito drástico, deixando cerca de 20% do pé, para que ele não seja prejudicado. “Tem que ser em lua minguante, para a erva não ficar muito forte”, ressalta Teles.
Com lenha fina, o aposentado faz fogo com labaredas altas e passa os galhos de erva para que percam a umidade e o produto não fique tão amargo. “Não pode deixar pegar fogo, é só dar uma chamuscada.” O próximo passo é colocar as folhas na câmara de secagem, onde ficam cerca de três dias. No final deste processo, o cheiro da erva já se torna familiar.
Em uma cancha, as folhas são batidas para que diminuam de tamanho antes de serem levadas ao soque, última etapa do processo. Dependendo da umidade, a erva fica entre 30 minutos e uma hora sendo moída. Quando está bem esmigalhado, o produto vai para um depósito, preferencialmente de madeira, em local escuro, para não perder a cor. Depois é só tomar o chimarrão.